alfredochaves - Famílias Italianas no Espírito Santo

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ALFREDO CHAVES
         
         Em Alfredo Chaves, entraram os italianos em três levas principais: de 1877, já referida, de 1878 e de 1896.

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José Togneri, mais tarde, já firmado no Espírito Santo, viajou ao Rio de Janeiro e encontrou-se com Lisandro Nicoletti, empregado numa casa de objetos sacros, com o ordenado de 500$000, por ano. Admirou-lhe a atividade e o trouxe para Alfredo Chaves, com melhor ordenado. Estabeleceu- -se em Matilde, com importante casa comercial. Em 1900, mudou-se de Vitória. Construiu um dos prédios maiores e mais bonitos daquele tempo, junto ao Edem-Parque, à beira-mar, onde residia com a família, e tinha seu escritório de Importação e exportação de gêneros alimentícios e de café.

A 16 de março de 1973, A Gazeta registrava o encontro de duas garrafas, nas escavações do prédio para a construção de um novo edifício. Uma garrafa continha um Jornal de 23 de maio de 1906; a outra. um cartão da firma Lizandro Nicoletti.

Em 1910, Lizandro fundou a Fábrica de Tecidos, com 2.000 contos de réis, em Jucutuquara. Nascido, a 13 de fevereiro de 1857, na Itália, veio para o Brasil, em 1870. Chegou ao Rio de Janeiro, com cinco liras, no bolso. Faleceu, na Vitória, a 5 de Junho de 1918,e deixou dez filhos, todos espírito-santense e continuadores da sua atividade e sua dedicação ao Espírito Santo.

Em Alfredo Chaves, nasceu Ludovico Persici, em 1898, filho de Erasmo Persici, Imigrante Italiano que aprendeu o ofício de relojoeiro e abriu pequena loja.

Ludovico, desde pequeno, sabia fazer tudo e consertava tudo. Quando o menino desistiu dos estudos, no terceiro ano primário, passou a trabalhar na relojoaria, porém contrariado com o rigor paterno! Eram naturezas diversas. Em 1910, Erasmo Persici mandou o filho para o Rio de Janeiro, a fim de aperfeiçoar-se na famosa relojoaria do espanhol Manuel Palmerio. Aí, ficou três anos e tão inteligente mostrou-se que o chefe decidiu levá-lo para estudar na Europa. .Alguém avisou Erasmo, o pai, do que se passava e o resultado foi a volta de Ludovico ao lar, onde nunca foi compreendido, apesar do trabalho na oficina, substituindo, ou suplantano, Erasmo. Premido pela situação doméstica, nosso herói fugiu três vezes de casa. Na segunda, a família viu-se obrigada a transferir-se para Castelo, porque Ludovico não mais suportava Alfredo Chaves. Na terceira fuga, já completamente desavindo com o pai, Ludovico foi ganhar a vida percorrendo todo o Espírito Santo, realizando toda a sorte de serviços e consertos de relógios e máquinas.

Ludovico Persici casou-se, em 1923, e fixou-se em Conceição do Castelo, onde inventou uma interessante máquina cinematrográfica: filmava, revelava e projetava. Era um engenho, ou melhor, máquina revolucionária, e seu inventor um dos pioneiros do cinema no Brasil.

Associado ao sogro, Ludovico teve um cinema, em Conceição do Castelo.

Cinco anos depois, foi tentar a vida em Belo Horizonte, com sua máquina e a esperança de ser melhor compreendido. Ninguém mais no Espírito Santo, lembrou-se de Persici -o maníaco -até que, em 1973, Alex Viany, para escrever a História do Cinema no Brasil, ao ter conhecimento de uma referência ao inventor, resolveu fazer pesquisas para situá-lo no seu livro.

Em Belo Horizonte, Ludovico, ajudado sempre pela mulher Elisa, Inventou uma máquina de ginástica, semelhante a uma bicicleta. Mas, não encontrou a compreensão que precisava. Ficou ainda mais introvertido. Amargurado!

Em 1935, faleceu Erasmo. Ludovico regressou a Conceição do Castelo, para encarregar-se da joalheria.

Diz, com razão, Alex Viany que o grande erro da vida de Ludovico , foi não ter ido para a Europa, onde teria campo certo para desenvolver-se.

No Castelo, fez diversos filmes, dentre os quais um documentário do lugar. Desgostoso e cada vez mais arredio, faleceu, em 1972. E suas invenções, dentre as quais a máquina cinematográfica, desapareceram... Ele, porém, ficará, na História do Cinema Brasileiro.

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